terça-feira, 8 de maio de 2012

Havana - Cuba

Li hoje no caderno Boa Viagem e fiquei com uma vontade gigantesca de conhecer!

HAVANA - Do alto do memorial José Martí, Havana parece ilhada no passado: predominam carros antigos e a arquitetura colonial degradada, sem sequer um arranha-céu. É preciso caminhar pelas vielas para notar a crescente renovação de prédios e praças de Havana Velha, que são revitalizados e oferecem charmosos cafés e restaurantes. Os paladares — negócios privados liberados ano passado — se multiplicam. A cidade de clima convidativo até no inverno é contornada pela Baía de Havana, salpicada por montes e dominada pela planície. Moradores se apropriam intensamente do espaço público: instalam varais e cadeiras nas calçadas; crianças astutas saem às ruas à tarde do colégio, de uniformes branco e vinho, e logo estão pelos campos improvisados de beisebol. No pôr do sol, a orla do Malecón é tomada por pescadores, músicos de salsa e garrafas de rum. Particularmente coloridas são as roupas do havaneiro e o seu sorriso para o turista. Para as lentes de uns, o foco está no heroísmo dos líderes que fincaram a bandeira socialista no paraíso tropical. Para as de outros, a ditadura opressora. Um dos aspectos apaixonantes é que Havana divide opiniões, aflora os sentidos. Só não é possível lhe ser indiferente.



Havana Velha se renova em bares, restaurantes e casarões
Caminhar pelas ruas de Havana Velha é a melhor forma de notar a revitalização da cidade, pois é onde estão casarões e praças recém-restaurados, com empreendimentos estruturados para agradar aos turistas. Bom exemplo disto é a Praça Velha que deveria voltar a chamar-se Praça Nova, como em sua construção, datada de 1559. Patrimônio mundial da Unesco, a praça tem prédios de estilos dos séculos XVII a XIX. No século XVI, era palco para a celebração de festas e atos solenes; no XIX, foi tomada por um mercado. No século XX, viveu o ostracismo após a construção de um estacionamento subterrâneo, mas sua recente revitalização dá notoriedade aos restaurantes e bares.
Já a Praça da Catedral tem duas preciosidades de Havana. Uma, como o próprio nome diz, é a Catedral de San Cristóbal, que nas palavras do romancista cubano Alejo Carpentier, é "música convertida em pedra", dada sua estrutura de pedra em estilo barroco, erguida no século XVIII por jesuítas, e que se destaca por suas torres assimétricas.
Outra joia é o restaurante El Patio, instalado sob arcos de um palacete também barroco. Muitos dos turistas que visitam a praça ocupam as mesinhas com guarda-sóis do restaurante. Outros, simplesmente sentam nas calçadas para tomar sol, ouvir música, ler ou não fazer nada. Ali, é possível pedir a típica vaca frita, que é um filé de carne bovina, e juntá-lo com moros y cristianos — arroz e feijão preto, já misturados. Os camarões e as lagostas têm preços atraentes para brasileiros. Neste restaurante, o enchilado de lagosta, uma espécie de refogado de molho de tomate e condimentos, custa 14 CUCs (em torno de R$ 27). No entanto, não se anime tanto com a culinária cubana. Para tudo em Havana há o tal enchilado, que consegue pasteurizar até o sabor da nobre lagosta.
Os restaurantes, inclusive os mais sofisticados, têm que lidar com a escassez de alimentos enfrentada pela ilha. É comum ter que se contentar com a quinta escolha na sua hierarquia de opções de pratos. Às vezes é mais fácil e simpático perguntar: "O que temos para hoje?".
O que nunca falta em Havana é o mojito, coquetel à base de rum branco, limão, hortelã, açúcar e água tônica. O mojito está para Cuba assim como a caipirinha está para o Brasil. É impossível evitá-lo, nem que seja uma vez ao dia. A bebida é listada com frequência nos cardápios. Na Rua Obispo, onde está a maioria dos restaurantes de Havana Velha, encontra-se uma oferta de prato principal, sobremesa e mojito por 10 CUCs. Fechada ao tráfego de veículos, a rua tem intensa movimentação de cubanos e estrangeiros, por abrigar não apenas os restaurantes, como hotéis, bancos (para câmbio), centrais telefônicas e comércio. Uma boa opção é hospedar-se por ali.
Nas extremidades da Obispo, de um lado está a Praça de Armas, a primeira praça pública de Havana, construída no século XVI, e também restaurada. Além do Castelo da Real Força de Diego Quiñones, o que chama a atenção na praça é a ocupação do espaço por um feira de livros usados. Textos sobre a Revolução Cubana estão entre os mais populares.
Na outra extremidade da Obispo, encontra-se o Parque Central, onde carruagens, táxis — formais e tuc-tucs — e carros anos 1950 dão ao cenário um clima de viagem no tempo. Próximo, na Rua Indústria, ainda está a tradicional Fábrica de Tabacos Partagás, cujo prédio, um impressionante exemplo de arquitetura colonial do século XIX, está em processo de revitalização. Mesmo para quem não fuma, é difícil não querer passar por ela. Entre os mais tradicionais, o Cohiba Esplêndido é vendido por 450 CUCs (caixa com 25 charutos), mas há opções mais em conta. No Parque Central está ainda o Capitólio Central, antiga sede do governo após a Revolução Cubana. Concluído em 1929 como uma réplica do Capitólio de Washington DC — uma das mostras da influência norte-americana sobre a ilha — o prédio é hoje a sede da Academia Cubana de Ciências, e também está sendo recuperado.





Retirado do caderno Boa Viagem do site oglobo.globo.com

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