quarta-feira, 25 de abril de 2012

Quito: arte e gastronomia no meio do mundo

QUITO - Salpicada de parques e feiras de artesanato, a capital do Equador, Quito, com seu status de Patrimônio da Humanidade conferido pela Unesco aliado à incrível paisagem andina, se tornou um destino de muito movimento turístico. As principais atrações da capital agradam a gregos e troianos: um centro histórico colonial, igrejas magníficas, ruas de pedra e praças singulares. Visitantes podem pedalar pelas ciclovias em expansão, ou caminhar pelo gigantesco parque La Carolina ou no Parque Metropolitano, uma floresta de eucaliptos com vista para a cidade. Quito também é um destino ideal para colecionadores de artesanato, apaixonados por arte e àqueles que buscam descobrir os sabores únicos da cozinha andina. Embarque no teleférico para subir 4.115 metros no topo de Cruz Loma e desfrutar da vista que tem um passarinho sobre esta cidade em formato de bacia. Você ainda verá o topo do vulcão Pichincha — a última erupção foi em 1999.

Uma tradicional Quito pode ser sorvida no ambiente do período colonial, tomando um drinque ao ar livre no Tianguez, no pé das duas torres que formam o mosteiro de São Francisco, cuja fachada lembra o espanhol Escorial, nos arredores de Madri. A casa é ao mesmo tempo café, restaurante, loja e espaço cultural administrado pela ONG Sinchi Sacha (sinchisacha.org).
Para curtir o centro colonial à noite, a dica é jantar no El Ventanal (elventanal.ec), que tem um menu internacional que inclui polvo grelhado e carpaccio de peixe, além de alguns pratos locais como salada de quinoa.

À noite, siga para La Ronda, na cidade antiga, uma estreita rua de pedras, colorida por gerânios vermelhos em vasinhos presos nas varandas de ferro. Nessas casas, você pode dançar a noite inteira ou ouvir música equatoriana. Prove o canelazo, uma bebida quente servida em canecas de cerâmica que ficam armazenadas em cima de grelhas. Feita de um licor de cana-de-açúcar (ou rum), é acrescido de canela, lima e laranjas.
Outro lugar para curtir a noite, no bairro de Andalucia, é o El Pobre Diablo (elpobrediablo.com) — uma casa de shows com bandas de jazz e música latina. O restaurante oferece comida típica equatoriana, com opções como peixe ao molho de coco — marca da cidade de Esmeraldas, no litoral— ou cozido de carne de cabra.

Vistas incríveis e artesanato em curtos passeios

A cerca de 95 quilômetros de Quito — uma corrida de táxi por R$ 25 pela Taxi Lagos (taxislagos.com), não perca um dos mais famosos mercados indígenas da América do Sul, o de Otavalo, onde você pode comprar lençóis e ponchos de lã de alpacas feitos à mão, ou o típico chapéu que os povos indígenas usam no planalto andino.Pare no El Café de la Vaca (elcafedelavaca.com) e escolha algo do amplo menu de café da manhã, que tem de sucos frescos a ovos e legumes cozidos em panelas de barro.

Se preferir, depois das compras, seguir direto para o almoço uma opção é a Hacienda Pinsaqui (haciendapinsaqui.com), antiga fábrica de tecidos colonial construída em 1790. O filé é delicioso, bem como a truta fresquinha, que vem de lagos próximos. Passeie pelos jardins de contos de fadas, que tem tanto plantas tropicais quanto andinas, lagos, bancos de madeira e vistas lindas da montanha. Se estiver frio, acolha-se no salão ao lado de uma das lareiras.

Voltando em direção ao centro de Quito, pare em Cotacachi — a dez minutos de Otavalo —, onde a especialidade são artigos de couro, como jaquetas, bolsas e chapéus. Prove os típicos bizcochos — são como palitinhos de pão — servidos com chocolate quente. Ou siga para Cuicocha, um lago formado em uma cratera, para respirar o ar fresco dos Andes e ter vistas magnifícas.

Com o trânsito de fim de semana e uma recém-restaurada pista, você consegue voltar ao centro de Quito em cerca de uma hora e meia. A tempo de visitar a igreja jesuíta de La Compania, descrita em alguns guias como uma das mais belas da América do Sul. As paredes cintilam pela enorme quantidade de folhas de ouro utilizadas nas paredes e esculturas, sob uma cúpula de vidro com detalhes em azul claro. A nave côncava é atravessada por incontáveis arabescos em formas geométricas. Ali perto também fica o Vista Hermosa (vistahermosa.com.ec), que, como o nome diz, é um restaurante onde a vista conta bastante, com uma boa variedade de petiscos.

Depois de andar tanto pela cidade, procure a atmosfera relaxada de La Naranjilla Mecanica (lanaranjillamecanica.blogspot.com.br), um complexo com bistrô, galeria de arte e loja de design. A trilha sonora agradável acompanha bem a sua escolha de bebida do farto cardápio. Se você ainda não teve sua cota de artesanato, vale fazer uma parada no mercado de La Mariscal, nas barracas ao ar livre do El Ejido, em Santa Clara; ou no recém-aberto Mercado Artesanal Quitus, onde há uma boa gama de artesanato e suvenires. Há também trabalhos interessantes em lojas da Avenida Amazonas, perto da Plaza Foch.

Adjacente ao Parque Metropolitano, o maior de Quito, fica o Capilla del Hombre — um templo de arte idealizado por Oswaldo Guyasamín, o mais famoso artista equatoriano, no final de sua vida. Dentro de uma estrutura que lembra um forte, há murais que tratam da fome, desigualdade, guerra e a situação do povo latino na segunda metade do século XX.

Termine essa visita com um café e um lanche em Guapulo, um bairro boêmio no oeste da cidade. A vista do vale Los Chillos, nos arredores de Quito, ao pôr do sol, é de tirar o fôlego.
A linha do Equador fica a 16 quilômetros ao norte de Quito. Um monumento de 30 metros de altura proclama "sentar no Equador". Com um globo em cima, é o centro de um mini parque temático chamado "O meio do mundo" (mitaddelmundo.com). A missão equatorial de 1736 a 1744 realizada por cientistas franceses é documentada em um dos pavilhões. As descobertas confirmaram a afirmação de Isaac Newton de que o globo é ligeiramente abaulado no meio.

A cerca de cem metros de distância, o museu de Inti Nan (museointinan.com.ec) também proclama estar na latitude 0°0’0". Em dois lados da linha, é possível ver água descendo ralo abaixo em direções opostas. Em Catequilla, pertinho dali, a linha do Equador passa por ruínas pré-Inca, de acordo com o Google Earth e leituras de GPS. A ONG de pesquisas científicas Quisato (quisato.org) pode agendar uma visita.


Retirado do caderno Boa Viagem do site http://www.oglobo.globo.com/

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